20.09.2010
Hoje, um dos meus trabalhadores aqui, o Tchivota, mais conhecido por "Pastor", chegou junto a mim com um papel quadriculado dobrado em várias partes, formando um pedaço papel dobrado com cerca de 6x3cm.
Esboçou algumas palavras e entregou-me esse pedaço de papel. Como quase sempre, não percebi nada do que ele queria dizer. O português dele é muito pobre, e mistura as palavras que conhece com outras palavras do dialecto local, "Kimbundo", o que resulta numa mistura quase indecifrável.
Hoje, um dos meus trabalhadores aqui, o Tchivota, mais conhecido por "Pastor", chegou junto a mim com um papel quadriculado dobrado em várias partes, formando um pedaço papel dobrado com cerca de 6x3cm.
Esboçou algumas palavras e entregou-me esse pedaço de papel. Como quase sempre, não percebi nada do que ele queria dizer. O português dele é muito pobre, e mistura as palavras que conhece com outras palavras do dialecto local, "Kimbundo", o que resulta numa mistura quase indecifrável.
A juntar a isto, há ainda o facto de que, quando fala, não abre muito a boca e, motivado por uma humildade característica que se reflecte muitas vezes submissa, a vocalização das palavras é muito baixa, e com os decibéis debitados pelos ruídos normais que se fazem sentir num local de obra, é que não percebi mesmo.
Como sei que é analfabeto, fiquei na dúvida se queria que eu lhe lesse o conteúdo, se me queria simplesmente entregar só o papel para meu conhecimento. Pelo sim e pelo não, parti do princípio que fossem as 2 coisas, e que queria que eu lesse o papel. E foi o que eu fiz... li-o em voz alta.
Bom, tenho que dizer que já há muito tempo que não patinava tanto para ler uma dúzia de linhas manuscritas!
Além do português ser horrível e a letra não ajudar, não percebi bem o conteúdo da dita carta, se bem que percebi o objectivo.
O pai, Sr. Tchivota, quer que o filho volte à província para fazer a Cédula Pessoal dele que não possui. Devido ao português dele, não percebi bem se queria que o filho se despedisse, ou pedisse licença para o efeito.
Perguntei ao "Pastor" (Tchivota filho), se ele queria ir à província. Respondeu-me com a palavra que lhe ouço mais vezes sair da boca: "Sim". Não convicto ainda com o esclarecimento do enigma, Perguntei-lhe se se queria despedir ou pedir Licença, ao que me respondeu... "Sim"!
...Sim!??? Mas sim o quê!? Voltei então a perguntar que só queria licença para ir à província, ao que me respondeu... "Sim!" Ok, menos mal... depois voltei a perguntar, se voltava ao trabalho. Resposta: "Sim!".
Ainda meio na dúvida, e para que não lhe desse autorização sem ter a certeza exacta do que ele queria, informei-o de que iria analisar o assunto e depois lhe dizia alguma coisa, ao que ele me respondeu... (vê lá se adivinhas...) pois, respondeu: "Sim!"
Para que se tenha uma ideia do que falo, deixo aqui a carta digitalizada:
Como sei que é analfabeto, fiquei na dúvida se queria que eu lhe lesse o conteúdo, se me queria simplesmente entregar só o papel para meu conhecimento. Pelo sim e pelo não, parti do princípio que fossem as 2 coisas, e que queria que eu lesse o papel. E foi o que eu fiz... li-o em voz alta.
Bom, tenho que dizer que já há muito tempo que não patinava tanto para ler uma dúzia de linhas manuscritas!
Além do português ser horrível e a letra não ajudar, não percebi bem o conteúdo da dita carta, se bem que percebi o objectivo.
O pai, Sr. Tchivota, quer que o filho volte à província para fazer a Cédula Pessoal dele que não possui. Devido ao português dele, não percebi bem se queria que o filho se despedisse, ou pedisse licença para o efeito.
Perguntei ao "Pastor" (Tchivota filho), se ele queria ir à província. Respondeu-me com a palavra que lhe ouço mais vezes sair da boca: "Sim". Não convicto ainda com o esclarecimento do enigma, Perguntei-lhe se se queria despedir ou pedir Licença, ao que me respondeu... "Sim"!
...Sim!??? Mas sim o quê!? Voltei então a perguntar que só queria licença para ir à província, ao que me respondeu... "Sim!" Ok, menos mal... depois voltei a perguntar, se voltava ao trabalho. Resposta: "Sim!".
Ainda meio na dúvida, e para que não lhe desse autorização sem ter a certeza exacta do que ele queria, informei-o de que iria analisar o assunto e depois lhe dizia alguma coisa, ao que ele me respondeu... (vê lá se adivinhas...) pois, respondeu: "Sim!"
Para que se tenha uma ideia do que falo, deixo aqui a carta digitalizada:
Uma delícia!!! uma verdadeira pérola! Eu volta e meia apanhava uns mails destes na minha caixa de correio electrónica, que isto já tinha acontecido a alguém. Alguns eram tão raros que pareciam mentira.. bom.. hoje foi o dia de me acontecer a mim!
Ofereço um caramelo a quem conseguir ler de enfiada esta carta, e a quem me conseguir decifrar na íntegra o conteúdo dela.
Sem comentários:
Enviar um comentário