terça-feira, 7 de setembro de 2010

T(r)ópico #52 - Fim de tarde na praia deserta

2010.08.14



A tarde era a de Sábado, e por ventura foi um sábado até que não se trabalhou de manhã. Mas nestes dias do Cacimbo, o dia nasce cinzento e cinzento termina. É o inverno dos trópicos.

Bom, não se pode dizer bem que seja inverno, pois as temperaturas rondam a mínima de 20/23º e máxima de 25/27º. Não tem Sol. Pois, está bem, mas a temperatura compensa!

Normalmente, e a partir de Agosto, o Sol lá vai aparecendo, timidamente por entre um manto de nuvens, primeiro espesso, e depois já fino, quase rendado, lá para o fim do dia. Nunca aparece é em todo o seu esplendor, pois por mais fino que seja esse manto, ele cria sempre uma certa camada, quase misteriosa, que ao surgir o Sol cria uma espécie de difusão solar, criando efeitos dignos de registo, principalmente na altura mais fantástica do dia... no pôr-do-sol!!!

África tem muitos fascínios, de facto, mas este é especial. Confesso, já viajei por muitos sítios do mundo, já vi muitos "pôr" e "nascer" do Sol, mas aqui... aqui é algo de inigualável! Consegue-se ficar minutos a fim, a olhar para o Sol, sem ferir a vista. Ele é enorme, em tons alaranjados, e capta a nossa atenção longamente... digo e repito, é algo digno de se ver, e que certamente irá ficar retido nas minhas memórias de África.


Chegámos à tarde, deveriam ser por volta das 15h00, o que aqui já é bastante tarde, considerando que o sol se põe (mesmo) por volta das 18h00.

O Por do Sol aqui, como já referi é lindo de ser ver, fascinante mesmo, mas tem outra característica que ainda não revelei, a transição entre o dia e a noite, é repentina!!!

Aqui quase não existe o "lusco-fusco"! Ao aproximar-se da linha do horizonte, o Sol, começa a ganhar proporções gigantescas, em tons alaranjados, e desce vertiginosamente em direcção à linha do horizonte. Uma vez desaparecido totalmente (estamos a falar em poucos segundos), ultrapassada que esteja a linha do horizonte, a noite surge num ápice. Apenas cerca de 15/20 minutos separam o pôr-do-sol da noite cerrada.

Durante imenso tempo indaguei-me o porquê deste fenómeno, mas há poucos dias, em conversa com um amigo meu, engenheiro, ele veio com uma teoria que me convenceu, e que realmente tem toda a lógica. (Verdade seja dita, nisto os engenheiros são muito bons pois têm sempre uma solução lógica, mas mais que isto, prática para as coisas).

A teoria dele, e com toda a lógica, é que em Portugal, o pôr-do-sol demora mais tempo porque Portugal se encontra num paralelo muito mais afastado da linha do Equador, e como tal, o sol efectua uma trajectória muito mais de rasante relativamente à linha do horizonte e por isso demora mais tempo a atingi-la, ultrapassa-la e desaparecer a luminosidade, ao passo que aqui, muito mais próximo da linha do Equador, ou seja, no Trópico, a trajectória é muito mais vertical, quaser perpendicular, e por isso o Sol, "cai" mais vertiginosamente, assim como a noite surge muito mais depressa. Lógico, não? Realmente nem sei como é que não me surgiu isso, sendo que este Blog trata das aventuras nos trópicos!

Bom, voltando à praia... esta foi escolhida exactamente pelo que vou passar a descrever... por ser uma praia... deserta!!!

Bom, não é que nesta altura do ano as praias não estejam quase todas desertas, pois aqui as pessoas, acham que está... bom, até me custa escrever... acham que está... frio!!!!

Eu não sei bem como, até porque eu passei a tarde toda dentro de água, desde que cheguei, até quase ir embora, já perto das 18h15m.

Mas o facto é que as pessoas no Cacimbo até fogem da praia, como o diabo foge da cruz, pelo suposto "frio" que elas sentem junto ao mar (e fora dele). Ainda o ano passado dei com um vestido com uma camisola de lã de gola alta, ao meio da tarde, e eu de t-shirt, e cheio de calor.

Bom, mas voltemos à praia... hmmmm... a praia.... sim, estava óptima! Poderia tentar descrever a sua beleza, e como era fantástico estar numa praia assim, mas acho que aqui vou recorrer a aquela máxima que diz que, "uma imagem vale mais que mil palavras", e se uma vale mais que mil, então o que dizer de duas!?

Então aqui vai... esta era a praia. Descemos a picada de carrinha (um novo modelo indiano que está a implementar-se aqui "Mahindra") e conduzir a carrinha até à língua de areia, saí da carrinha e fiz o resto a pé. E bom... esta era a imagem da praia, à minha esquerda....

e à minha direita.....


É caso para dizer... palavras para quê?

Foi um fim de tarde muito bem passado, mais um daqueles que vai constar no meu álbum de memórias, do continente mãe... e estas.. valem bem o espaço que ocupam!

É nestes "recantos", e nestes momentos, que me encontro com a imagem romântica, aventureira e fascinante deste continente... é aqui que se sente mais um dos fascínios de África!

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