segunda-feira, 30 de março de 2009
T(r)ópico #24 - Nuno@The construction facilities.ao
T(r)ópico #23 - Dilúvio nos Trópicos
Sábado. O dia amanheceu com um sol radiante. O calor era demasiadamente abrasador. Resolvi ficar mais aqueles 15 minutos na cama, aqueles quinze minutos que valem por uma hora de sono, mas que parecem desaparecer num minuto. O ar condicionado, funciona no quarto, 24 sobre 24h, interrompendo unicamente quando a electricidade resolve ir dar uma volta à cidade, deixando a casa num sufoco. Mas hoje não foi um desses dias. Até água havia para o banho matinal! Oh, haja alegria… O dia parece começar bem!
O Big Boss, resolveu aparecer mesmo na hora de saída. Hmmm… isto promete! E o dia, que já começava quente, prometia, escaldar…
A manhã de trabalho estendeu-se vagarosamente até às 15h, sem almoço, e sempre com muito por fazer. O tempo urge, e a obra não para! Enquanto no escritório, o ar-condicionado (AC), luta por se fazer notar, mas ainda assim, a temperatura parece não deixar acusar a sua presença. Mas enquanto ainda se está dentro do escritório, ainda se está bem . AC no máximo, janelas fechadas e portadas de venezianas cerradas para que o sol não imponha a sua temperatura no interior. O problema maior surge quando, por este ou aquele motivo, temos de sair para andar pela obra, percorrer o empreendimento ou até mesmo entrar dentro das casas em construção. Eu, branco, já fico a bufar, o ar começa a rareficar, o rosto cerra as sobrancelhas e as pálpebras para atenuar a intensa luminosidade que se faz sentir perto das 11H e, que junto das 12H, chega a magoar na vista. Os meus colegas angolanos, entram dentro do escritório como se acabassem de chegar do duche, literalmente a escorrer em pinga! Uma atrás da outra! E eu pergunto-me.. não era suposto isso estar a acontecer a mim? Afinal, sou que que vem de um país de clima mais ameno. Mas o intenso calor não me deixa raciocinar correctamente. Procuro refúgio dentro de uma das casas, já quase acabada, mas ainda sem as carpintarias que cerrem os espaços interiores. Mas, mesmo que as tivesse, de pouco valia. O calor é demasiado,e dentro das casas, sem o ar condicionado, é quase impossível estar. Estas são projectadas em abstracto, completamente desligadas da realidade cultural, social e climatérica de um país africano, de um país tropical, de… Angola!
O Big Boss apareceu hoje também no empreendimento para mais uma venda, e enunciar mais umas directrizes à empresa que dirijo, de acordo com a visão Grupo que ele preside. Parece que o dia não correu mal, está bem disposto!
Decidimos, já junto das 15h ir andando, até porque um convite para uma cervejinha bem gelada espera-nos no Caribe, na Ilha de Luanda. Liga-se antecipadamente o carro, coloca-se o AC no máximo, fecha-se a porta e volta-se para dentro do escritório para arrumar o portátil, assim como as coisas para levar para casa. Volta-se 15 minutos depois para o carro, já com a mochila ás costas, abre-se a mala, acondiciona-se o equipamento, fecha-se a porta da mala, entra-se dentro do carro, e damos graças a Deus por alguém ter inventado esse equipamento que agora, apesar do ensurdecedor ruído que o ar faz ao passar nos ventiladores, me refresca o interior do carro, onde 15 minutos antes, podia alugar como sauna móvel!
Entra-se no carro, fecha-se a porta, tranca-se o fecho centralizado, certifica-se que o meu leitor de MP3 está bem inserido, e relembro-me que tinha desligado o carro de manhã ao som de Franz Ferdinand (Tonight - 2009), já que a grande malha “Can’t Stop Felling” continua nas colunas a rasgar! Que álbum..., que som dançante este, que me inebria e me faz sentir a vontade de ignorar o perigo que preparo para enfrentar. Meter-me a caminho nas rápidas estradadas de Talatona! Pelo menos ali, no meu pequeno universo móvel/musical, a batida sistemática das musicas do kizomba/kuduro/tarraxinha/semba não incomodam o meu estado de espírito musical, que procura recordar e estabelecer contacto com o meu EU musical que deixei em Portugal.
A estrada é a aventura louca do fim de semana. Debaixo de um sol tórrido, os carros viram, em boa velocidade, da direita para a esquerda e desta para a direita como se não houvessem marcaçõe s no pavimento(e de facto não há muitas), como se não circulassem mais carros naquelas faixas e, quando se deparam com um dos muitos carros encostados/avariados nas bermas, gera-se a confusão total no já caótico transito que se arrasta (e de notar que aqui os carros encostam na faixa da esquerda, e sim, é nesta faixa que se anda mais devagar, apesar de o volante e o sentido serem os mesmos que em Portugal). Os carros apertam-se uns contra os outros, mas sempre em andamento, sem piscas, sem avisos, sem nada, é um salve-se quem puder e rezar para que nada aconteça! Normalmente, salva-se quem conduz um carro maior, mais imponente, e que, em caso de choque, sofrerá garantidamente menos danos. O caos adensa-se e o sol, lá fora, parece não dar tréguas! Dou-me por feliz por chegar ao condomínio são e salvo! O carro… ainda ferve!
Hoje almoçamos por casa. O telefone não para de tocar a relembrar que a cerveja, no Caribe, já está dentro do gelo, para ficar o mais fresca possível numa luta inglória com a elevada temperatura que se faz sentir. O almoço foi rápido, mas como hoje não me calhou a mim fazê-lo, ainda deu para me esticar no sofá enquanto sacio as novidades das notícias do país natal, através da SIC Notícias. Sim, hoje, vingo-me! O cartão da TV por Cabo já há muito que tinha acabado o saldo, e para o recarregar, como quase tudo aqui, foram precisas 2 semanas! Duas semanas sem as notícias do meu país em directo.
Segue-se um banho refrescante! Meu Deus, como é bom ter água a correr na torneira para poder enganar o corpo com um banho bem “fresquinho”.
O telefone continua a tocar: “Despachem-se, ainda demoram muito?” diz quem por nós espera e não tem que trabalhar ao sábado. Visto um polo branco, pois imagino que me alivie a temperatura do corpo ao sair de casa. Metemo-nos a caminho, o relógio marca já alguns minutos depois das 16h30m. Descemos para a Samba e ao contornarmos o retorno, a baía sul de Luanda surge-nos em todo o seu explendor, com o “Sputnik” a marcar a sua presença, as palmeiras, a água, e comentamos: “Bolas, como é linda esta Luanda vista daqui e assim… à distância!” O céu, está azul, e brilha, apesar de o fim da tarde já se anunciar na intensidade da luz do sol.
O trânsito é algum e oferece alguma resistência, mais pelos carros que,encostados à direita, e os que à esquerda deste vão parando ao belo sabor do seu arbítrio, vão estreitando as faixas e causando mais um acidente aqui e ali.
Desviando-nos deste e daquele buraco, de mais este e o outro, de mais aquele lá, aquele cá e... “…cuidado!!! O tipo tem os vidos dos retrovisores partidos, ele não vai olhar para ver se vem alguém ao desviar-se de mais aquela cratera!”..., e assim lá vamos circulando pela língua comprida da ilha. Comento que o céu está a ficar escuro, e um minuto e 7 crateras no pavimento depois, reparo que está ainda mais escuro… “vem aí uma bela carga!!!”
Num ápice todo o céu sobre a cidade ficou escuro, uma brisa começou a levantar-se, e gotas grossas começaram a caír sobre o pára-brisas. “Porra, fomos convidados para tomar mas foi, um banho de chuva!”
Do nada, começou uma chuva forte a cair. Montamos um plano para a fuga do carro para o Caribe. Pelo meio, e por entre as gotas grossas que agora caiam parecendo ocupar todo o espaço disponível, ainda tropeço numa fita de plástico que se enrrolou nos pés e me fez ir ao chão amparando a queda com as plamas das mãos, num ágil reflexo, que me impediu de estatelar no chão já encharcado e enlameado.
Entro no Caribe, directo às instalações sanitárias para lavar as mãos sujas ao mesmo tempo que me abrigo da chuva. Dentro do caribe, um espaço aberto ao ar livre com o bar corrido em madeira com bancos altos à direita, um pergolado à esquerda, e ao fundo um patamar em deck sobre-elevado, com um ripado cruzado em madeira fina na cobertura e coberto com policarbonato, sobrepõe-se a um outro patamar, posterior, num nível inferior e com mesas onde as pessoas têm uma vista panorâmica sobre o areal e o mar logo ali em frente.
As pessoas procuram abrigo como podem, umas amontoadas junto ao bar, entre os bancos pesados, e o balcão, e a lutarem contra as linhas grossas de água que escorrem do beirado do bar, outras, correm para se abrigarem debaixo dos cobertos, mas as grossas gotas de água passam as juntas do policarbonato e vão caindo em cima das mesas, em cima dos telemóveis pousados nelas, em cima da comida, dentro dos copos de cerveja… quem sabe até se um daqueles copos, antes vazio, e agora meio de água, não seria um dos que nos esperava para ser atestado da tal cevejinha gelada. Enquanto estes ainda a recuperarem posições, procuram ignorar as gotas grossas que lhes caem em cima, os outros que estavam no areal, procuram enfiar-se dentro de água! Molhados por molhados ao menos que fiquem bem molhados, devem ter pensado.
A chuvada durou cerca de 10/15 minutos… e logo amainou.. mas se se costuma dizer, relativamente ao calor, que «foi sol de pouca dura», ali, foi uma pausa de reajuste!
Enquanto as pessoas iam recuperando os seus haveres encharcados, deixados aqui e ali na fuga, outros contemplavam o mar que se começava a agitar, até que alguém reparou em algo verdadeiramente impressionante… a nuvem que descarregou aquela carga de água, avançava mar adentro… e no seu movimento e morfologia, era como que se um cobertor, denso e escuro tivesse sido puxado de repente vindo da cidade, e esticado por alguém na estratosfera o puxasse para cobrir o mar! O mais impressionante era que à medida que esta avançava, era perceptível o seu contorno! Uma linha perfeitamente definida, separava este manto cinzento escuro de um azul celestial que ainda à pouco tinha iluminado aquela tarde! A linha era tão imensamente bem definida e bela como assustadora, pois atrás dela e num rápido degradé em tons cinza, um pesado e escuro manto avançava em nossa direcção, vindo de terra, do continente.. já tinha visto na televisão algo igual mas… em areia, nas famosas tempestades de areia! Esta… era de água, e aproximava-se de nós vertiginosamente.
Apontando para os enormes e imensos barcos que aguardam vez nas águas ao longo da costa e da baía de Luanda, alguém gritou: “Olhem como os navios foram engolidos pela chuva... pela nuvem! Desapareceram!!!"
Uma rajada de vento forte, anunciou a chegada da segunda vaga de chuva, e esta, parecia querer fazer da outra, chuvinha molha-bébés! E fez…
O vento atirou com tudo! Eu fui avisado que ela vinha ali quando um dos pesados chapéus de sol de praia, grande, feito em madeira e com a lona molhada (ainda a fazer mais peso), foi arrancado do areal e voou em minha direcção.
Instintivamente coloquei os braços para me proteger e segurar ao mesmo tempo no chapéu, que impulsionado pela ainda manifestante rajada, travou uma longa luta comigo até que, finalmente o deitei por terra e consegui fechar para que não voasse de novo, agredindo mais alguém. Quando terminei reparei que , heroicamente, mais pessoas lutavam contra o mesmo mal.
Saí do areal e chegado ao patamar superior vejo toda a gente, numa azáfama louca a querer pagar a sua conta, e por-se a andar dali para fora. É sabido que a velocidade dos caixas por aqui, não é muito mais superior que a do «Alfredo», um simpático caracol que alguém me apresentou um certo dia numa viagem de comboio na linha de Cascais. Imagine-se a confusão que se instalou…
Suponho que algumas das contas tenham… ficado para outro dia! Enquanto se assistia à debandada dos mais resolutos, ouviam-se os mais indecisos a delinearem os seus planos de fuga! “Vamos para o Sports Café, não fica longe e é abrigado, aproveitamos e ainda lá vemos o Jogo” “Vamos para o Restaurante chinês ali ao lado, não fica longe” “Vai buscar o carro!” “Quantos Somos? Cabemos todos lá dentro” “Bolas tenho a carteira encharcada!” e outros comentários do género.
E assim, de um momento para o outro, de uma pequena chuvinha “inocente”,começou a cair uma chuvada, um dilúvio tropical… era ver toda a gente a fugir da praia, dos cobertos, do bar.. do Caribe!
Nós, pegamos em tudo o que tínhamos, fizemos um simples plano, e saímos em debandada! Por esta hora, já a chuva caía com uma força esmagadora! A nuvem negra, baixa e carregada, descarregava agora toda a sua força sobre nós! Cada gota era como uma pequena pedra atirada do céu, e caiam sobre nós com uma velocidade e intensidade impressionante. A distância que nos separava dali ao Patrol era pouco mais que vinte, vinte e cinco metros. Tínhamos tido a sorte de arranjar um lugar mesmo à porta. Demos uma corrida com uma pequena paradinha no telheiro da entrada para analisar a margem da antiga estrada, agora transformada em rio, e ver qual o melhor lado para a atravessar. Quando entrei dentro do jipe, nos escassos segundos que demorou a travessia, tinha ficado completamente encharcado!
Estava incrédulo, e o mais difícil de crer era o que ainda estava para vir.
Eu estava que nem um pinto caído dentro da tina de água. Escorria água por todo o lado. O meu cabelo estava colado à cabeça como que se um balde de água tivesse caído em cima dele. O meu pólo branco, além do branco mais escuro por estar molhado, aprestava agora manchas castanhas do tamanho das gotas que lhe foram caindo, arrastando com elas o pó, ora do coberto do patamar, ora da sujidade que por todo o lado respingava.
Recuperado o fôlego, apanhamos as toalhas de praia que por sorte tínhamos no carro, e procuramos enxugar as gotas que ainda nos escorriam pelo rosto.
Ficamos a olhar a chuva a cair, e perdidos de riso, pela corrida que tínhamos dado.
Arrancamos! O tráfego automóvel que, nos dias de sol tórrido já é a confusão que é, imagine-se agora. Era um constante envio de alertas à navegação: “Cuidado!” “Olha esse gajo a virar, não tá a ver por onde vai!?” “Contorna esse lago mais por aquele lado, não sei se aí a cratera é muito profunda!” “Cuidado.. cuidado.. cuidado…!!!” De facto todo o cuidado era pouco. As ruas, ficaram transformadas em rios, e em rios rápidos! De repente, parecia que a ilha se estava a afundar, e aparecia água por todo o lado!
O Patrol deslocava-se a 5/10 Km hora… a chuva que caía no vidro tornava a visibilidade quase nula, mesmo nas fracções de segundo após o passar da escova em que se vislumbravam mais uns metros à nossa frente, pouco mais se conseguia ver se não uma densa cortina de fios de água de tom cinza que caíam do céu e, escurecendo tudo à volta, reduziam a visibilidade além dos 6/7metros à frente.
Contornamos no primeiro retorno, evitando o carro com angolanos saídos que pareciam aproveitar a confusão para tomar um belo duche, ou então, para se prepararem para deitar mão a mais uns incautos condutores,, isto ao mesmo tempo que evitava-mos o carro que, ignorando as regras de trânsito (olha a novidade), se precipitava na nossa direcção.
Um chapéu de chuva seria indefeso perante aquele volume de água que avassaladoramente caía dos céus! Talvez por isso, ou porque na verdade ninguém esperava aquela chuvada, alguns angolanos, castigados pela chuva, deslocavam-se vagarosamente pelos passeios inundados,de havaianas nos pés,como que se a chuva simplesmente não estivesse a cair. Casais caminhavam no passeio, de mão dada, como que se aquele manto de cor cinza não existisse, e com as roupas coladas ao corpo, lá iam à sua vida…
No rádio, um locutor de uma estação local, anunciava, como notícia de última hora, que chovia uma chuva forte em Luanda! Olha a novidade!!! Apeteceu-me mandar o gajo para um sítio que eu cá sei, e chamar-lhe alguns daqueles nomes que temos sempre prontos para este tipo de ocasiões! E mandei!
Ora… se estava a chover assim na ilha, e já chovia com aquela intensidade há uns bons minutos, então na cidade, já devia chover à muito mais! Mas que raio de novidade era aquela então?
A par com a intensa chuva, relampejava agora também! A nuvem que sobrevoa as nossas cabeças, com o grau de imprecisão que me assiste pelo facto de não ser meteorologista, imagino que fosse a temível Cúmulo-Nimbo! Uma nuvem negra, densa e repleta de cargas eléctricas que distribui por toda a sua extensão, vários e demorados relâmpagos! Os relâmpagos iluminavam o céu, como se alguém ligasse o interruptor e acendesse a luz no céu! E assim continuaram pelo fim de tarde a dentro, clareando o céu até quando a noite caiu, e por esta a dentro.
Todo este cenário parecia irreal, tirado de um filme, acabado de meter no leitor de DVD, pois ainda à pouco desesperava por uma sombra debaixo do calor tórrido que o sol emanava lá no alto.
Dentro do carro, e abafado que estava o locutor, teorizávamos sobre as tempestades tropicais e as monções da Índia. Chegamos ao sítio escolhido para esperar que a tempestade amainasse. O restaurante chinês.!O mesmo restaurante que, em Agosto, me acolheu de um fim de tarde repleto de mosquitos.
O grupo do banco de trás, que estavam em trajes de banho e havaianas nos pés, meteram-se para atravessar a estrada. Se ficassem mais molhados do que o que estavam pouca diferença fazia, visto que, destemidos, ainda foram ao banho entre o primeiro “ameaço” de tempestade, e a tempestade que agora se abatia sobre nós.
Saltaram do jipe, afundaram-se nos lagos que deste lado e do outro da estrada se formaram junto às bermas, agora transformadas em margens desse imenso rio que se movimentava pela estrada abaixo, e que ameaçava transbordar. Um, teve que voltar para trás, e com o pé, sondar um desses lagos mais profundo, à procura da havaiana do pé esquerdo que tinha ficado para trás na corrida. Nem quero imaginar o que andaria mais por ali perdido e misturado, naquelas águas escuras em que o seu pé mergulhou...
Decidimos juntar-nos ao grupo mais tarde. Ficamos dentro do Patrol a ver se a chuva amainava, ou pelo menos, se o rio perdia caudal e profundidade, uma vez que éramos os únicos calçados, e a ideia de nos afundarmos naquela corrente de água suja, transportando sabe-se lá o quê, e misturando-se com a sujidade e as outras águas fétidas que por ali costuma de se encontrar, era coisa que não nos apelava ao sentido.
Passados cerca de 15 minutos e muita conversa depois, lá nos aventurámos! Saltamos fora do jipe, pulamos os lagos maiores junto às bermas e corremos para dentro do restaurante. Pelo caminho, e ainda surpreso com a imponência do salto que dei ao pular os lagos, fiquei a pensar se era por este tipo de acrobacias que os angolanos nos chamam, a nós brancos, de “pulas”!
Dentro do restaurante, dei de caras com a Jade, uma chinesinha que me tinha alegrado aquela minha tarde de Agosto, e que agora surgia perante os meus olhos, ainda mais engraçadinha, ainda mais radiante.
Curioso que, apesar do volume de água que transportava comigo, na minha encharcada roupa, não foram precisos mais do que 15 minutos para voltar a estar sequinho como um bacalhau!
O resto da tarde passou-se em amena cavaqueira, por entre alguns petiscos, cerveja e uma sopa chinesa com sabor a água de lavar pratos. Não convinha comer muito, pois ainda tínhamos uma festa particular para acabar a noite, mas não sem antes ver-mos o jogo de Portugal. Se estivesse a contar com ele para me animar as hostes por estes lados, estava bem feito.
A noite prolongou-se acompanhada pela chuva, mas agora mais ligeira…
O dia hoje foi mais um daqueles dias típicos dos trópicos… mas que eu ainda não tinha presenciado assim, com este grau de grandeza!
segunda-feira, 23 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
T(r)ópico #21 - O meu Primeiro Mês!
20.03.2009.
Faz hoje exactamente um mês que cheguei a Angola!
Até agora o saldo é muito positivo. Mas as saudades já apertam…
Há muita coisa boa em “viver” aqui, muita aventura, todo o dia é diferente, não há um igual, e nunca nada dá para ser planeado pois há sempre algo que vai falhar, mas é exactamente tudo isso que faz o dia a dia aqui ser mais animado, mais bem disposto, mais alegre! Para uma experiência de vida, o saldo é positivo! Mas não apaga o meu querido Portugal, o meu Estoril, a minha família e amigos, as pessoas do meu coração… as pessoas da minha vida!
Num mês, já tive a oportunidade de viajar pelo país,
tomar banho nas águas quentes que banham esta costa,
ir a festas, particulares e comuns,
conhecer pessoas interessantes,
trabalhar com diversas pessoas e de diversas áreas,
provar a boa e variada gastronomia angolana,
dançar kizomba,
conduzir nas caóticas estradas,
brincar,
rir,
desesperar,
desgastar,
sentir o corpo dorido,
apanhar febres altas,
acordar com a madrugada a seguir o meu dia a dia, e deitar já de madrugada de novo,
correr riscos,
apanhar sustos,
viver aventuras,
andar de barco,
andar de avião,
ver muita miséria
ver muita fartura,
ver chuvadas bíblicas vindas do nada,
sentir a chuva em cima de nós, sair para a rua para a apanhar, ficar contente por isso, e estar seco 10 minutos depois,
ver delapidar um país…
sentir oportunidades perdidas, e ver ganhar muitas outras, de outros níveis,
enjoar de ver tanta obra mal construída, e projectada,
deitar chineses pelos olhos, e não perceber patavina do que eles dizem, mesmo quando tentam falar português;
ter saudades,
ter preocupações.. com o trabalho de cá, com o trabalho de lá…
gerir clientes à distância,
deserperar por um bom projecto…
sentir falta do meu atelier, do meu sócio, dos nossos projectos e apostas,
ter prazer em fazer TUDO do início,
esgotar-me com os outros,
esperar horas a fio para qualquer coisinha, e
ouvir pedinchar a toda a hora,
olhar para trás com peito cheio,
olhar o futuro como uma incógnita maior, e
sentir que a vida pode sorrir ainda melhor,
conhecer áfrica,
ver animais exóticos,
ver paisagens lindas, dignas de postais da National Geographic
sentir a beleza da natureza, dos momentos, das amizades, das paixões…
reconhecer a beleza e envolvência da mulher portuguesa, da mulher europeia,
ver a beleza e sensualidade da mulher angolana,
ver dançar danças sedutoras, provocantes, sensuais,
trocar experiências,
trocar vivências…
e muita mas muita boa disposição!
Pois aqui, é condição “sine qua non” para uma saudável existência… e motivos para isso não faltam!
O saldo é positivo, e cheio de fé num futuro promissor,
Mas consciente que é só o primeiro mês.. e ainda muita água vai passar por baixo da ponte…
Há, por isso, que reconhecer a beleza e a dificuldade de todos estes momentos, e saber tirar o melhor deles… como sempre…
sabendo que a vida… é aquilo que fazemos com ela!!!
terça-feira, 17 de março de 2009
T(r)ópico #20 - Haja Chuva...
....
não é só acidentes que a poça cria...
ou melhor,
desvia-se o q for mais "imponente" ou circular mais rápido!!!
T(r)ópico #19 - No Supermercado!!!
Aqui é assim…
Nunca sabemos com o que contamos no dia a seguir, nem no próprio dia sequer!
Por exemplo…
Hoje fui no shopping ( o único existente)!
Depois estive mais de 40 minutos noutra caixa só com 5 pessoas às frente, e para chegar a esta aindei de caixa em caixa a ver qual seria a mais favorável, e a fazer jogo de cintura com um outro colega que ocupava uma posição noutra caixa para ver qual se despachava mais “Rápido”, sim que isso é um conceito que aqui não assiste a todos… foram no total 50 minutos!!!
50 minutos para fazer uma coisa que em portugal se demora mais que 10 minutos, a caixa é despedida! Ah! E convém não esquecer que, a caixa tinha mais 2, e por vezes 3 pessoas a ajudar, mas que demoram mais que uma pessoa só… lol
Mas uma coisa é certa!!! Aqui, quem tiver sentido de humor, vive divertido o dia todo!!!
Tudo é ridiculamente impossível de acreditar…
T(r)ópico #18 - Em resumo...(so far)
"Desde que aqui cheguei...
já corri sérios riscos de vida, andei no mato em zonas cobras de veneno mortífero e andei em campo minado, adrenalina ao máximo
Já fiquei de cama com febres altissimas e dores de estomago horríveis, além das de cabeça, claro desarranjo intestinal
já tomei banho nas praias mais incriveis e nem noto que estou na água de tão quente que ela está
já comi marisco de todo o tamanho e lagosta
já provei dos sabores de Angola...
é uma verdadeira aventura!!
na verdade... sinto-me um priviligiado... que tem uma oportunidade, pouco comum, de estar a viver tudo isto num local onde nem todos podem...
mas nem tudo é bom aqui
o risco é elevado
a toda a hora podes levar um retorno terrível
e é de picos
ora bom
ora mau
o q é mau, é mto mau,
o q é bom, é mesmo mto bom
o truque está no equilibrio
mas a verdade é q tou só no inicio
e vai começar a apertar…
na 6ª vou viajar de avião particular de novo
vou p o Lobango
só volto na 3ª… espero!"
quinta-feira, 12 de março de 2009
T(r)ópico #17 - Barra do Kwanza.. o Paraíso na Terra!!!!
quarta-feira, 11 de março de 2009
T(r)ópico #16 - Los Coches!
T(r)ópico #15 - and the adventure begins...
Lembras-te daqueles desenhos animados que davam quando eu era mais novo... "As corridas mais loucas do mundo".. das dezenas de carros e do riso do cão Muttley? Pois bem.. é o que me faz lembrar... e assim pareço eu...!!!
Cada dia é uma verdadeira animação...!!! E para quem tiver bom humor, bom... encontra aqui um bálsamo, é garantido!!! eheh
quarta-feira, 4 de março de 2009
T(r)ópico #14 - La Maison!
(clicar na imagem para ver melhor)
T(r)ópico #13 - Finalmente A Viagem...
Não, não faz sentido dizer nada dessas coisas, porque o número é perfeito para este inicio de Era... pois se o número é o 13, esta é a 1ª vez que fico 3 meses seguidos!!! Lá está: 13 = 1.3 = 1ª vez 3 Meses!!! :D
As voltas a mais que o avião deu no ar, deu para conhecer melhor a cidade, reconhecer-lhe os "encantos" e estrutura morfológica;
No fundo, este 13, é como um cotonete (dá para um lado e para o outro), se por um lado é número de menos bons augúrios, por outro, é o dia de N. S. de Fátima!!! E não é que estejamos a fundamentar-nos na religião, mas por estas paragens, ter um pouco de fé, pode ser uma bênção! E no que, ao que esta "perspectiva" diz respeito, é bem preferível ver o lado dela, ao invés do lado mais suspeito deste número que a este T(r)ópico calhou...
Tudo o resto... bom.. tudo o resto são coisas que por aqui acontecem... E parece-me que é tudo uma questão de hábito... de... relatividade! Afinal de contas... estamos nos Trópicos!!!