Quis o destino que o T(r)ópico que anuncia o primeiro dia desta nova aventura fosse o #13. E que melhor número que o 13 poderia haver para relatar esta primeira Aventura, este primeiro passo naquilo que se espera ser uma longa caminhada pelos trópicos?
Este número é perfeito para o efeito. Não porque seja um número agoirento, ou perfeito para relatar algumas das peripécias que já aconteceram neste primeiro dia, no dia de viagem..., mas provavelmente não faz muito sentido exaltar os lados obscuros e agoirentos deste cardinal, até porque aquilo que se lhe poderia ser associado pode muito bem ,estar a relatar o quotidiano por estas paragens...
Dizer que, o voo atrasou, e que o aeroporto é um edifício de efeito "forno" e destilamos todos os líquidos que os nossos corpos traziam assim que saímos do avião;
Dizer que, o meu colega ficou logo sem 160€ mal chegou ao aeroporto local, fruto das "esparrelas" e esquemas aqui bem montados pelos "madiés" e com a conivência administrativa local;
Dizer que, assistimos a uma cena de "justiça popular" a um eventual ladrão que, numa tentativa frustrada de amealhar mais uns trocos, descuidou-se, foi imprudente, e deixou-se apanhar para logo ser "julgado" em plena via pública por um grupo de populares que satisfatoriamente o pontapeavam, cerca de 15 a 20 indivíduos entre os quais crianças e mulheres, enquanto este tentava, ainda atordoado pelos sucessivos e violentos pontapés e pisadelas, recuperar alguns dos seus sentidos...;
Dizer que, após uma viagem longa e depois de um bom jantar, regado com um bom vinho, saberia maravilhosamente bem chegar a casa e tomar um banho fresquinho mas... Não havia água nas torneiras em casa...;
Dizer que, não havendo água, poderíamos congratular por pelo menos podermos contar com a ideia de, no dia seguinte fazer um almoço quente, mas... não havia gás em casa...;
Dizer que, apesar de não haver àgua e gás, poderiamo-nos congratular de pelo menos haver electricidade, televisão, e com isso poderiamo-nos entreter... não fosse a electricidade faltar de meia em meia hora...;
Dizer que, apesar dos momentos em que a electricidade nos visitava, não havia lâmpadas suficientes nos bocais do tecto para iluminar todos os compartimentos...;
Dizer que, sem electricidade os equipamentos de ar-condicionado não funcionavam, e sem funcionar, a temperatura dentro da casa subia a níveis que permitiam, uma vez mais, o inicio de produção de água destilada.. humana...;
Dizer que, não havia cabides, mesa de cabeceira, cómodas, candeeiro de mesa, ou qualquer outro elemento básico para nos fazer sentir em casa, e podermos, descansadamente, desfazer as malas (que já estavam feitas à semanas, aguardando a emissão do visto);
Dizer que...
Não, não faz sentido dizer nada dessas coisas, porque o número é perfeito para este inicio de Era... pois se o número é o 13, esta é a 1ª vez que fico 3 meses seguidos!!! Lá está: 13 = 1.3 = 1ª vez 3 Meses!!! :D
Se eu fosse dizer alguma daquelas coisas, parecia até que isto estaria a ser uma má experiência, e estaria por isso a induzir em erro!!! Isto é tudo uma questão de perspectiva!!! Da forma como pomos as coisas...Se não, vejamos...
Eu senti, logo no avião, que esta ia ser uma óptima experiência, coisa que não tinha sentido quando cá vim pela primeira vez!
A calma que esse sentimento me transmitiu foi fulcral para lidar com discernimento e tranquilidade nos percalços que foram surgindo!
Essa calma interior, como que um contacto com o meu melhor EU, obrigou-me a estar atento, a precaver as situações de eventuais perigos, a olhar em volta, a premeditar, a avaliar as situações... coisa que uma pessoa não consegue fazer quando está tenso ou apreensivo... principalmente em terra alheia, e com pouca compreensão da cultura e modo de vida local.
E as coisas até correram bem...
As voltas a mais que o avião deu no ar, deu para conhecer melhor a cidade, reconhecer-lhe os "encantos" e estrutura morfológica;
O jantar foi bom, num sítio tranquilo e requintado (à devida escala)!
O jantar foi ainda regado com um fabuloso vinho tinto;
A Casa foi pintada recentemente pelo exterior, parece "nova"!
Os colaboradores até tiveram o cuidado de efectuar algumas compras para que tivéssemos o frigorífico minimamente abastecido;
Não havendo água em casa poderíamos sempre tomar um banho a "copo" com a água que, por milagre, até havia em 2 reservatórios, tipo poceiros, na casa de banho, à mão de semear, (e claro, ninguém imagina com estes reservatório lá, que isto é algo que acontece frequentemente.. nãaaa.. não se vai pensar nisso), e que não proporcionando um grande banho, até deu para refrescar as ideias...
A televisão é por cabo e tem os canais principais portugueses, incluindo os de notícias e temáticos;
Eu... até tinha a bateria do portátil carregada, o que foi óptimo, e me deu para ir entretendo, escrevendo estas linhas que agora aqui deixo...
E como a casa até nem estava na sua capacidade máxima, puderam-se trocar algumas lâmpadas dos espaços não ocupados pelos que agora ocuparíamos, e necessitávamos de iluminar...
Na próxima segunda iremos comprar o que falta aqui para casa para que nos possa fazer sentir mais bem acolhidos!
A Casa até tem Ar-Condicionado!!! (e a funcionar!!) :)
E mais importante que tudo... chegamos bem, salvos!
No fundo, este 13, é como um cotonete (dá para um lado e para o outro), se por um lado é número de menos bons augúrios, por outro, é o dia de N. S. de Fátima!!! E não é que estejamos a fundamentar-nos na religião, mas por estas paragens, ter um pouco de fé, pode ser uma bênção! E no que, ao que esta "perspectiva" diz respeito, é bem preferível ver o lado dela, ao invés do lado mais suspeito deste número que a este T(r)ópico calhou...
Tudo o resto... bom.. tudo o resto são coisas que por aqui acontecem... E parece-me que é tudo uma questão de hábito... de... relatividade! Afinal de contas... estamos nos Trópicos!!!
Nada como a vida nos trópicos!!!!
ResponderEliminarE ainda para mais com uma recepção como esta que acabaste de descrever.
Então rapaz, como é? Espero que depois do dia 13 as coisas tenham estabilizado (à devida escala) e que essa aventura esteja a ser cheia de histórias para contares aos teus netinhos à lareira e com uma manta no colo. Que bela imagem esta de te ver velhinho com um monte de negrinhos a correr à tua volta!!!!
Agora podia dizer um monte de mentiras do género temos saudades tuas e tal, mas é muito feio mentir e a minha religião não mo permite.
Beijinhos da Xana e da Maria e abraços do Marco e Salvador
E MAI NADA
Quem mandou a mensagem fui eu (com toda a familia ao lado e a mandar bocas e a dar palpites) mas estou numa missão secreta, altamente disfarçado. Aliás, todas as mensagens que te enviar serão por este meu quase pseudónimo (à Alvaro Cunhal)
ResponderEliminarE MAI NADA
Hey!
ResponderEliminarEstá tudo bem!
Cheguei bem, e estou a viver verdadeiras aventuras!!! Ainda não tenho net aqui, e a net que aqui há é mega giga lenta... aliás como quase tudo aqui...
Assim que tiver oportunidade e net, deixarei aqui mais umas aventuras, pois não iam acreditar o q já fui vivendo por aqui!!!
Beijos e abraços grandes para o trio do Exterior, e para o Salvador, que está lá bem no interior!
Grande Grande abraço cheio de saudades...
Até breve!
Olá Nuno,
ResponderEliminarPassei só para te deixar um grande beijinho e te dizer que todos os dias venho ler os desenvolvimentos da tua aventura aí pelas angolas!Ainda bem que tens o sentido de humor que tens, porque senão acho que já estavas a desesperar...Beijinhos de todos cá de casa